Na ilha da Boa Vista encontramos 14 das 47 áreas
protegidas declaradas em Cabo Verde através do Decreto-Lei nº3/2003 de 24 de
Fevereiro de 2003, que incluem áreas terrestres, costeiras e marinhas.
Através do Projecto de Consolidação das Áreas Protegidas de Cabo Verde (PCAPCV) cujo principal objectivo foi o fortalecimento e a consolidação do sistema de AP de Cabo Verde iniciou-se a consolidação de 7 áreas protegidas, localizadas a leste da ilha (Complexo das áreas protegidas do leste da Boa Vista – CAPLBV). O Projecto de Consolidação decorreu de 2011 a 2014, tendo-se delimitado e publicado em BO os limites das 14 AP da Boa Vista, elaborado os instrumentos de gestão das 7 AP que fazem parte do CAPLBV (plano de ordenamento e gestão, plano de ecoturismo e plano de monitorização), criado o Conselho Consultivo Local e elaborado a Estratégia e o Plano de Conservação da ilha da Boa Vista. Após o termino do projecto de consolidação o Escritório Insular de Conservação assumiu a coordenação de todas as AP da Boa Vista sob a dependência da Direcção Nacional do Ambiente.
Através do Projecto de Consolidação das Áreas Protegidas de Cabo Verde (PCAPCV) cujo principal objectivo foi o fortalecimento e a consolidação do sistema de AP de Cabo Verde iniciou-se a consolidação de 7 áreas protegidas, localizadas a leste da ilha (Complexo das áreas protegidas do leste da Boa Vista – CAPLBV). O Projecto de Consolidação decorreu de 2011 a 2014, tendo-se delimitado e publicado em BO os limites das 14 AP da Boa Vista, elaborado os instrumentos de gestão das 7 AP que fazem parte do CAPLBV (plano de ordenamento e gestão, plano de ecoturismo e plano de monitorização), criado o Conselho Consultivo Local e elaborado a Estratégia e o Plano de Conservação da ilha da Boa Vista. Após o termino do projecto de consolidação o Escritório Insular de Conservação assumiu a coordenação de todas as AP da Boa Vista sob a dependência da Direcção Nacional do Ambiente.
Áreas Protegidas
Boa Vista
|
Área (ha)
|
Observação
|
||
Terrestre
|
Marinha
|
Total
|
||
1. Reserva
Natural Integral Ilhéu dos Pássaros
|
0,82
|
38
|
38,82
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
2. Reserva
Natural Integral Ilhéu de Baluarte
|
7,65
|
87
|
94,65
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
3. Reserva
Natural Integral Ilhéu de Curral Velho
|
0,77
|
41
|
41,77
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
4. Reserva
Natural de Ponta do Sol
|
465
|
283
|
748
|
Limites
|
5. Reserva
Natural de Boa Esperança
|
3.631,00
|
379
|
4.010,00
|
Limites
|
6. Reserva
Natural do Morro de Areia
|
2.131,00
|
436
|
2.567,00
|
Limites
|
7. Reserva
Natural Tartaruga
|
1.439,00
|
13.436,00
|
14.875,00
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
8. Parque
Natural do Norte
|
8.910,00
|
13.137,00
|
22.047,00
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
9. Paisagem
Protegida Monte Caçador e Pico Forcado
|
3.357,00
|
-
|
3.357,00
|
Limites
|
10. Paisagem
Protegida Curral Velho
|
1.635,00
|
-
|
1.635,00
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
11. Monumento
Natural do Ilhéu de Sal Rei
|
89
|
-
|
89
|
Limites
|
12. Monumento
Natural Monte Santo António
|
459
|
-
|
459
|
Limites
|
13. Monumento
Natural Rocha Estância
|
253
|
-
|
253
|
Limites
|
14. Monumento
Natural Monte Estância
|
739
|
-
|
739
|
Limites
Planos de Gestão
e Ecoturismo
|
Total
|
23.117,24
|
27.837,00
|
50.954,24
|
Em termos geomorfológicos as Área Protegidas da
Boa Vista apresentam uma grande diversidade: pequenas elevações que se destacam
no meio de grandes extensões planas; relevos escarpados; desfiladeiros de
paredes abruptas esculpidos na rocha calcária; formações dunares; vastas extensões
de praias arenosas; bacias hidrográficas; zonas costeiras planas; lagoas e
salinas.
Os habitats
das Área Protegidas da Boa Vista, pela sua especificidade apresentam áreas
de relevante importância nacional e internacional para: a nidificação de
tartarugas da espécie Caretta caretta (Tartaruga-comum); formações de
corais que contribuem para tornar o arquipélago num dos dez sítios mais
importantes a nível mundial para a diversidade de corais; nidificação e
descanso para as aves, nomeadamente nos ilhéus assim como as várias zonas
húmidas (lagoas e salinas), possuindo a ilha 2 sítios declarados no âmbito da
Convenção Ramsar (Lagoa de Rabil e Curral Velho).
Existem 4 espécies de lagartos (lagartixas e osgas) que habitam a
ilha durante todo o ano: Chioninia
spinalis boavistensis, Hemidactylus
angulatus, Hemidactylus boavistensis
e Tarentola boavistensis. Eles podem
ser encontrados em qualquer local por toda a ilha simplesmente ao levantarmos
algumas pedras. No entanto, as dunas são o lugar onde os lagartos podem ser
encontrados com maior frequência.
A ilha também abriga a terceira maior
população nidificante de Tartarugas-comum do mundo. Entre os meses de
Junho a Novembro as tartarugas podem ser encontradas ao longo das praias onde
fazem os ninhos para os seus ovos. A Boa Vista é a maior área de nidificação da
espécie Caretta caretta (Tartaruga-comum) no país, sendo as praias de
areia branca protegidas ao abrigo das várias áreas protegidas da ilha.
As áreas costeiras da Boa Vista também são
uma importante área para os juvenis de outras espécies de tartaruga, como a
Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e
Tartaruga-de-casco-levantado (Eretmochelys
imbricata). Também existem relatos da ocorrência de Tartaruga-parda (Lepidochelys olivacea) e de
Tartaruga-couro (Dermochelys coriacea).
Na avifauna destaca-se a presença
de Rabo-de-junco (Phaethon aethereus), Alcatraz
(Sula leucogaster), Cagarra-de-Cabo
Verde (Calonectris edwardsii),
Guincho (Pandion haliaetus),
Jabe-jabe ou Pedreirinho (Oceanodroma
castro), Rabil (Fregata magnificens).
O ilhéu de Curral Velho constituiu uma importante área de nidificação para a
Cagarra, Jabe-jabe e Alcatraz.
Existem muitas espécies terrestres e marinhas
de invertebrados que vivem na Boa Vista, incluindo algumas espécies
endémicas gastrópodes marinhos do género Conus e 18 espécies endémicas de
insectos.
Na biodiversidade marinha destacam-se
as aves, as tartarugas, os golfinhos e baleias, os corais e os gastrópodes do
género Conus e os peixes, que aqui apresentam um elevado grau de endemismo,
especificidade e ou singularidade.
Na flora destacam-se a Tamareira (Phoenix sp.), o Tarafe (Tamarix senegalensis) e um conjunto
importante de plantas holofíticas como Muraça (Zygophyllum spp). e
Murraçona (Arthrocnemum glaucum).
1. Reserva
Natural Integral Ilhéu dos Pássaros (Decreto-Regulamentar
nº 11/2103 de 9 de Maio)
A Reserva Natural Integral Ilhéu dos Pássaros
tem grande importância no que se refere à avifauna que alberga. O substrato
arenoso facilita a existência de espécies vegetais (Zygophyllum fontanesii e Suaeda vermiculata) e estas permitem a sobrevivência da pequena ave
marinha o Pedreiro-Azul / Painho-de-Ventre-Branco (Pelagodroma marina), espécie anteriormente abundante no
arquipélago, objeto no presente de uma drástica redução. Aproveitam a
estabilidade que as raízes das plantas psamófilas dão à areia para construírem
os seus refúgios (tocas) na época de reprodução. Encontramos também uma colónia
de Jabe-Jabe / Pedreirinho (Oceanodroma
castro).
A Reserva Natural Integral Ilhéu dos Pássaros
tem uma superfície de 0,82 ha e a área marinha tem uma superfície de 38 ha.
O ilhéu dos Pássaros localiza-se a
nor-noroeste da ilha de Boa Vista, enfrente à Baía das Gatas. É um dos ilhéus
mais pequenos tendo em conta a sua extensão superficial e a pouca altitude
sobre o nível do mar. Trata-se de um ilhéu plano e coberto de material de
natureza sedimentar e arenosa. Está ligado à ilha principal por um cordão de
recifes e rochas de natureza vulcânica. O limite deste espaço discorre pela
zona costeira do mesmo, na linha de Baixa-Mar Viva Equinocial em todo o seu
perímetro. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores
naturais da reserva, inclui-se uma área marinha neste espaço, que abarca uma
franja marinha de 300 metros em todo o seu perímetro.
As principais ameaças são a captura directa das aves marinhas, a alteração e destruição do seu habitat por pisoteio, as
visitas frequentes ou outras perturbações (ruídos, contaminação, introdução de
gatos) que constituem perigos para a conservação destas aves marinhas.
2. Reserva
Natural Integral Ilhéu de Baluarte (Decreto-Regulamentar
nº 4/2013 de 5 de Abril)
O objecto de protecção da Reserva Natural
Integral Ilhéu de Baluarte é a presença e nidificação de aves emblemáticas a nível mundial como a Rabil (Fregata
magnificens) que aqui nidifica ocasionalmente e o Alcatraz (Sula leucogaster).
A Reserva Natural Integral Ilhéu de Baluarte
tem uma superfície de 7.65 ha de área terrestre e 87 ha de área marinha.
Localiza-se a nordeste da ilha de Boa vista,
frente às costas de Ponta do Rife, entre as Antigas Salinas e Porto Ferreira. É
um ilhéu alongado em direcção este-oeste, com uma altitude inferior a 5 metros
sobre o nível do mar, de natureza basáltica, com superfície plana e rochosa. O
limite deste espaço discorre pela zona costeira do mesmo, na linha de Baixa-Mar
Viva Equinocial em todo o seu perímetro. Com o objectivo de controlar os
possíveis efeitos sobre os valores naturais da reserva, inclui-se uma área
marinha neste espaço, que abarca uma franja marinha de 300 metros em todo o seu
perímetro.
As principais ameaças são a captura directa de
aves, causa do seu desaparecimento noutros lugares nos quais nidificavam. A
predação sobre as crias de Alcatraz, e também do Rabil, constitui uma realidade
corroborada pelos dados recolhidos periodicamente com o objetivo de realizar o
censo da população e o seguimento da reprodução da espécie. Os ninhos aparecem
vazios, sem que a explicação pudesse ser que os pintos ou ovos neles
contabilizados tivessem terminado o seu desenvolvimento e voado pelos seus
próprios meios, o que faz pensar que foram capturados por pescadores, ou
predados por outras aves, embora nenhum fenómeno com estas características
tivesse sido constatado. Outro tipo de ameaça são as frequentes visitas de
pescadores e perturbações (ruídos, contaminação, destruição do seu habitat) que
constituem perigo para a conservação destas aves marinhas. Em especial o Rabil
que parece possuir um comportamento evasivo e sensível perante as perturbações
ou visitas.
3.
Reserva Natural Integral Ilhéu de Curral Velho (Decreto-Regulamentar
nº 16/2013 de 9 de Maio)
Os fundamentos de protecção da Reserva Natural
Integral Ilhéu de Curral Velho são a presença e nidificação de aves emblemáticas a nível mundial e nacional tais como Rabil (Fregata magnifiscens), a
Cagarra-de-Cabo-Verde (Calonectris
edwardsii), o Alcatraz (Sula
leucogaster), o Rabo-de-junco (Phaethon
aethereus) e o Pedreirinho (Oceanodroma
castro).
Localiza-se a Sul da ilha de Boa Vista, em
frente à Praia de Curral Velho, a nordeste da Ponta do Pesqueiro Grande. É um
pequeno ilhéu que não ultrapassa os 5 metros de altitude máxima sobre o nível
do mar, composto principalmente por material calcário muito fragmentado pela
ação marinha, apresentando características morfológicas litorais como espaços
ocos e cavidades naturais mais conhecidas por “taffoni”.
O limite deste espaço discorre pela zona
costeira do mesmo, na linha de Baixa-Mar Viva Equinocial em todo o seu
perímetro. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores
naturais da reserva, inclui-se uma área marinha neste espaço, que abarca uma
franja marinha de 300 metros em todo o seu perímetro. Tem uma superfície de
0.77 ha de área terrestre e 41 ha de área marinha.
As principais ameaças são a captura directa de
aves marinhas, causa do seu desaparecimento noutros lugares de nidificação.
Outras ameaças são as frequentes visitas e perturbações (ruídos, contaminação
ou destruição do seu habitat) que constituem perigo para a conservação destas
aves marinhas. Uma nova ameaça é devida à crescente oferta turística da ilha, e
o aumento do número de embarcações recreativas, não é estranho observar
embarcações fundeadas nas proximidades do ilhéu, e os seus ocupantes tirando
fotografias do ilhéu.
4. Reserva
Natural de Ponta do Sol (Decreto-Regulamentar nº 11/2014 de 10 de Fevereiro)
A Reserva Natural de Ponta do Sol é
importante pelos valores biológicos que apresenta, pela presença de
espécies emblemáticas de avifauna insular como o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus) e o Guincho (Pandion haliaetus), e pelos valores
geológicos, a sua natureza vulcânica recente e a presença de um importante
campo de dunas fósseis. Localiza-se a noroeste da ilha da Boa Vista, desde
praia de Ervatão, a norte de Nossa Senhora de Fátima, até à zona alcantilada de
Poderoso, inclui os alcantilados da praia de Ervatão e parte da plataforma
superior de Chã de Ervatão, o sector montanhoso do Pico Vigia e Curral Preto, a
ampla plataforma costeira (ilha baixa) no início do maciço montanhoso e os alcantilados
e dunas fósseis presentes desde Farol de Ponta do Sol até perto da ribeira de
Poderoso.
Tem uma superfície de 465 ha. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores naturais da reserva e a circulação de areias de que se alimenta o sistema dunar deste espaço,
incluiu-se uma zona periférica de protecção marinha, que abarca uma franja
marinha de 300 m, tanto na costa norte como na costa oeste cuja área é de
283 ha.
A principal ameaça verifica-se em relação à
conservação das aves marinhas nidificantes: Rabo-de-junco (Phaethon aethereus), sendo os principais predadores o ser humano (a
proximidade e relativa acessibilidade dos ninhos) e os gatos selvagens. As actividades extractivas (basaltos, cascalhos) implicam o risco de erosão, cujos
sinais já são evidentes nalguns lugares, além de perturbar as aves nidificantes
na zona. Na costa são comuns as acumulações de resíduos transportados pela
ondulação marítima. A expansão urbanística de Sal Rei em direcção ao norte está
obstaculizado pelo relevo de Rochinha e a expansão por trás do mesmo ameaça a reserva.
5. Reserva
Natural de Boa Esperança (Decreto-Regulamentar nº 16/2014 de 10 de Fevereiro)
A Reserva Natural de Boa Esperança localiza-se
a este de Sal Rei e abarca uma ampla franja composta por um sistema dunar e de
areias móveis cuja dinâmica vai desde a costa de Boa Esperança, incluindo as
praias de Atalanta, Sobrado e Copinha, chegando a Pesqueiro de Banco, até à
costa sul da cidade de Sal Rei, na Praia de Carlota. A Reserva foi declarada
com o objectivo de preservar e manter os processos ecológicos derivados da
dinâmica de areias, os povoamentos de tamareiras (Phoenix atlantida) e da presença da desembocadura da Ribeira de
Rabil como zona húmida de interesse, assim como a qualidade da sua paisagem.
Tem uma superfície de 3.631 ha. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores naturais da
reserva, incluiu-se uma zona periférica de protecção marinha que abarca uma
franja marinha de 300 m, tanto na costa norte como na costa oeste cujas áreas
são de 289 ha e 90 ha respectivamente.
As principais ameaças estão associadas à
extração de areias, a degradação dos povoamentos de tamareiras, a utilização
desregrada dos recursos na prática de actividades recreativas.
O ecossistema salino inundável na
desembocadura da ribeira de Rabil de grande importância para as aves, constitui um dos dois sítios Ramsar declarados para a Boa Vista.
6. Reserva
Natural do Morro de Areia (Decreto-Regulamentar nº 17/2014 de 10 de Fevereiro)
A declaração da Reserva Natural de Morro de Areia
teve como objectivo a protecção e conservação dos processos ecológicos derivados
da dinâmica arenosa e a conservação dos habitats de interesse para espécies
endémicas e relevantes do Arquipélago, como o Rabo-de-junco, Guincho, as
Tartarugas, o Tubarão-gata e numerosos invertebrados. Localiza-se a sudoeste da
Boa Vista, desde a praia de Chaves até à costa de Santa Mónica.
Tem uma superfície de aproximadamente 2.131
ha. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores naturais
da reserva e a circulação de areias de que se alimenta o sistema dunar deste
espaço, inclui-se uma zona periférica de proteção marinha que abarca uma franja
marinha de 300 m ao longo da costa e um sector terrestre, que inclui um sector
da praia de Chaves situado a norte da Área Protegida, cuja área é de 436 ha.
As principais ameaças são o facto da reserva
estar condicionada a norte pela ZDTI de Chaves e de a delimitação da ZDTI de
Morro de Areia se sobrepor ao limite da reserva. É uma área onde se desenvolvem
inúmeras actividades turístico-recreativas, nomeadamente as excursões em
veículos todo o terreno que alteram significativamente a paisagem e o substrato
arenoso. Outra actividade que pode ter consequências negativas é a extracção de
areias, devido à alteração da paisagem que contém elementos geomorfológicos de
grande valor. O Guincho (Pandion
haliaetus) vê aumentado a sua vulnerabilidade devido à acessibilidade dos
ninhos e o aumento das perturbações, podendo deixar de nidificar, além de
sofrer a tradicional predação assim como o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus) e que causaram quase o desaparecimento da
colónia, o que constitui uma ameaça para esta espécie.
7. Reserva
Natural Tartaruga (Decreto-Regulamentar nº 14/2013 de 9 de Maio)
A Reserva Natural de Tartaruga foi declarada
com o objectivo de conservar as praias como áreas de nidificação de tartarugas,
as zonas húmidas e terras salgadas importantes para as aves limícolas e
migratórias e as colónias de aves marinhas de Ponta do Roque e os alcantilados
de Morro Negro.
A grande extensão arenosa do litoral da Boa
Vista é a causa da ilha receber cerca de 2/3 das cerca de 3.000 fêmeas de
Tartaruga-comum (Caretta caretta) que
se estima se reproduzem em Cabo Verde. Esta peculiaridade converte o país no
terceiro país do mundo em importância para a espécie, a seguir a Omã e aos
Estados Unidos da América. As principais praias de desova encontram-se a norte,
este e sul da ilha albergando cerca de 85% da população presente em Cabo Verde.
A Reserva forma um amplo espaço (1.439 ha)
que cobre a costa e um troço interior paralelo à mesma, ao longo de todo o
flanco oriental e sul da ilha, desde a base de Morro Negro até à Praia de
Cruzinha Brito. Abarca também uma importante área marinha, com 13.436 ha, ao
longo de toda a sua área costeira que corresponde a três milhas náuticas.
São de referir pela sua importância para a
flora e a avifauna a existência de três lagoas costeiras de caracter temporário
existentes entre Curral Velho e Ervatão que, em conjunto com o ilhéu de Curral
Velho constituem o sítio RAMSAR de Curral Velho.
As principais ameaças à conservação são a
predação, principalmente humana, a construção de urbanizações e a iluminação
artificial junto às praias, a acumulação e despejo de resíduos nas praias e
costas, a destruição ou alteração do habitat, a circulação fora dos trilhos e
estradas principais, a presença humana, os ruídos e a introdução de predadores.
8. Parque
Natural do Norte (Decreto-Regulamentar nº 5/213 de 5 de Abril)
O Parque Natural do Norte representa a
área protegida mais extensa da ilha Boa Vista, ocupando todo o quadrante
nor-oriental da ilha (8.910 ha) e uma importante área marinha (13.137 ha) ao
longo de toda a sua área costeira e que corresponde a três milhas náuticas.
O fundamento para a declaração do Parque
Natural do Norte foi o de acompanhar a conservação dos valores naturais
(presença de áreas para a nidificação de tartarugas marinhas, de avifauna de
interesse, principalmente aves de rapinas e estepárias, e características
geomorfológicas e paisagísticas) com o desenvolvimento socioeconómico das
populações locais, mediante a potenciação de actividades tradicionais.
A singularidade deste espaço resulta das suas
dimensões, diversificação espacial e de características físicas e do facto de
albergar destacados núcleos de população da zona nordeste da ilha assim como as
zonas agrícolas mais importantes da ilha, as ribeiras do Norte, Renca e Calhau.
Dentro do Parque Natural do Norte encontramos
3 povoações, João Galego, Fundo das Figueiras e Cabeço dos Tarafes, que apesar
de estarem situados na zona com maior aptidão agrícola e agro-silvo-pastoril da
ilha, apresentam características urbanas e semelhantes em tipologias e
parâmetros de ocupação aos restantes aglomerados da ilha. As 3 povoações
pertencem à Freguesia de São João Baptista cuja população era em 2010 de 639
habitantes, data do último Censo populacional (INE, 2012). Na parte norte do
complexo encontramos a localidade de Espingueira, pertencente à Freguesia de
Santa Isabel. Na área de amortecimento do complexo situa-se a povoação de
Bofareira pertencente à Freguesia de Santa Isabel, que em 2010 tinha 150 habitantes
(INE, 2012).
O Parque inclui os relevos de Abrolhal,
Calhau e Morro Negro, bem como os terrenos e planícies adjacentes. Também
inclui praias de areia branca ideais para a nidificação da Tartaruga-comum (Caretta caretta). A zona norte
apresenta-se bastante recortada em várias baías fechadas de pouca profundidade
(Gatas, Ponta Antónia e Derrubado), caracterizadas por comunidades coralinas e
agregações de corais moles Palytoa
sp. Associadas a estas comunidades ocorre uma grande variedade de espécies de
invertebrados marinhos, incluindo uma espécie do género Conus, cuja
distribuição é limitada a estas baías (Conus
diminutus). Nestas baías também se encontram concentrações de tartarugas
juvenis da espécie Tartaruga-de-casco-levantado (Eretmochelys imbricata), além de serem frequentadas por várias
espécies de tubarões. No que respeita à diversidade biológica terrestre
destacam-se as aves de rapina, os répteis terrestres e algumas espécies de
flora endémica (nomeadamente a Phoenix
atlantica e o Tamarix senegalensis).
As principais ameaças são as várias actividades desenvolvidas dentro do parque, devido à sua extensão e ao facto de albergar os três núcleos populacionais da zona nordeste da ilha. Algumas actividades com repercussões negativas no ambiente são a apanha de espécies
protegidas e a sobrepesca, a extracção de areia e pedra, o pastoreio livre e a
deposição de lixos e entulho.
Os moradores da ilha antigamente dependiam
das actividades agro-pecuárias e da pesca. A economia da ilha assentava na actividade pecuária, na indústria de conservas de peixe, nas actividades de colecta (como a apanha e comercialização do sal, da urzela e da purgueira), na indústria artesanal de transformação
da argila, na indústria extractiva de rochas calcárias, actividades artesanais de
fabricação de cal e olaria e ainda na actividade agrícola de subsistência. Tais
actividades foram sempre desenvolvidas de forma artesanal.
Actualmente, os sectores do turismo, da agricultura
e produção animal, além do setor da construção civil e serviços afiguram-se
como os principais ramos de actividade económica da ilha. A gestão do Parque
encontra fortes aliados no desenvolvimento sustentável das actividades
ancestrais (agricultura, pesca, pecuária, transformação de produtos,
artesanato) a par do turismo de natureza.
O património construído do Parque retrata o
que foi a história da ilha e do trabalho das suas gentes na procura de recursos
que proporcionassem o seu sustento e desenvolvimento, desde o seu povoamento até
aos dias de hoje. Tal património encontra-se sobretudo ligado à pastorícia e
agricultura, pesca e salga e secagem de peixe, extracção de sal, produção de
cal. Destacam-se também alguns elementos religiosos e de segurança marítima.
Este património histórico, a par do
património natural da ilha, constitui um importante recurso a conservar e
proteger como fonte de conhecimento do passado da ilha e do país que nos
permitirá traçar uma estratégia de desenvolvimento sustentado com vista ao bem-estar
das populações e à conservação do ambiente.
9.
Paisagem Protegida de Monte Caçador e Pico Forcado (Decreto-Regulamentar nº
14/2014 de 10 de Fevereiro)
A Paisagem Protegida de Monte Caçador e Pico
Forcado pretende proteger os seus valores geológicos, geomorfológicos e as
peculiaridades da flora e fauna existentes (Pandion
haliaetus e Falco tinnunculus).
O alinhamento montanhoso de Monte Caçador
(355 m), Pico Forcado (364 m) e a Mesa Cágado (297 m) e os seus limites formam
uma barreira orográfica que ocupa grande parte da franja centro-oriental da
ilha, é a formação montanhosa mais importante da Boa Vista. Apresenta picos,
planícies e importantes depressões. É fácil distinguir os seus limites pelo
contato com as planícies, no entanto na zona ocidental os seus limites
coincidem com os montes ocidentais de Campo da Serra, voltando de novo à
planície em direcção à Ribeira do Norte.
Paisagem Protegida Monte Caçador e Pico
Forcado tem uma superfície de 3.357 ha.
As principais ameaças são a extracção de
inertes, o pastoreio livre e as actividades recoletoras, especialmente das espécies ameaçadas.
A lagoa natural de Olho do Mar como ponto de
desenvolvimento de actividades turísticas e de ócio, pode ser objeto de degradação pelos visitantes (lixos, alterações na composição florística ou na
fauna associada).
10.
Paisagem Protegida Curral Velho (Decreto-Regulamentar nº 9/2013 de 9 de Maio)
O objectivo da declaração da Paisagem
Protegida de Curral Velho é a preservação da identidade paisagística, das
características naturais da sua geologia e geomorfologia (areias, calcários,
praias e salinas) e a paisagem humana formada por currais e núcleos
populacionais tradicionais. A Paisagem Protegida de Curral Velho tem uma
superfície de 1.635 ha.
A Paisagem Protegida de Curral Velho forma um
dos espaços mais homogéneos paisagisticamente existentes na ilha. É composta
por uma ampla planície circunscrita à bacia da Ribeira do Meio, que se abre
entre duas escarpas rochosas, que se vão elevando desde o interior até
representar antigos paleoalcantilados gerados em épocas geológicas anteriores.
Apresenta várias espécies endémicas de flora,
nomeadamente Acacia álbida, Pulicaria diffusa, Tamarix senegalensis, Lotus
brunneri, Asparagus squarrosus, Cocculus pendulus e Frankenia ericifolia.
As principais ameaças estão associadas às
atividades extractivas e o pastoreio livre. O estado de conservação das antigas
casas de Curral Velho, São Domingos e Prazeres cada vez é mais precário, estas
construções deveriam ser restauradas e preservadas visto serem uma interessante
amostra da arquitetura tradicional de Cabo Verde, legado cultural que tão
duramente forjaram os caboverdianos nos últimos séculos. Existem expectativas
turísticas para a zona e uma associação local para a defesa de Curral Velho. Qualquer
atividade que seja desenvolvida na zona deverá respeitar os critérios e valores
tradicionais que ostenta este belo local, de forma a conservar a integridade
desta paisagem natural e cultural.
11.
Monumento Natural do Ilhéu de Sal Rei (Decreto-Regulamentar nº12/2014 de 10 de
Fevereiro)
Os fundamentos de proteção que presidiram a declaração
do Monumento Natural do Ilhéu de Sal Rei são a presença de importantes valores
naturais como as espécies de flora e fauna existentes e o valor
histórico-cultural que proporciona o antigo forte do Duque de Bragança.
Encontra-se a noroeste da Boa Vista, em
frente à cidade de Sal Rei, é o ilhéu mais extenso em superfície dos que
rodeiam a Boa Vista, e o de maior altitude com 27 m de máxima. Ao contrário dos
outros ilhéus, aqui afloram materiais basálticos e são escassas as formações
calcárias, com praias arenosas nas zonas mais abrigadas. Tem uma superfície de
89 ha.
As principais ameaças são a proximidade à
cidade de Sal Rei que implica a presença humana no ilhéu e as consequentes
alterações na composição dos ecossistemas, incluindo o desaparecimento da
avifauna que aí nidificava anteriormente. Os resíduos deixados pelas pessoas
que frequentam o ilhéu bem como os resíduos trazidos pelas correntes marítimas
são uma ameaça para o património natural e paisagístico do ilhéu. A exploração
de recursos naturais marinhos e submarinos, como a pesca ou a apanha de
marisco, também constitui uma ameaça.
A introdução de outras espécies animais no
ilhéu teve um impacto nefasto na sobrevivência das aves marinhas, exemplo disso
são as cabras que em tempos aqui eram trazidas para pastar e que consumiram a
vegetação e destruíram as tocas do Pedreiro-azul / Painho-de-ventre-branco (Pelagodroma marina), ou os gatos,
predadores de todo tipo de aves marinhas. Outra ameaça à integridade deste
espaço é a degradação do espólio de valor histórico (nomeadamente os canhões)
do Forte Duque de Bragança.
12.
Monumento Natural Monte Santo António (Decreto-Regulamentar nº13/2014 de 10 de
Fevereiro)
O Monumento Natural Monte de Santo António,
Rocha de Santo António, apresenta valores geológico-geomorfológicos, alguns
endemismos de flora (Sarcostemma daltonii)
e fauna (Falco tinnunculus) e um
relevo de alto valor paisagístico que importa conservar, sendo as principais
ameaças o pastoreio livre e a extração de inertes.
O maciço rochoso que forma a Rocha de Santo
António constitui uma das maiores altitudes da Boa Vista (379 m), e forma,
junto com a Rocha de Estância e o Pico de Estância, uma das três formações
orográficas mais singulares pela sua morfologia de fortaleza rochosa com a base
quase circular levantada sobre uma extensa planície. Alcança um desnível máximo
de 320 m entre a zona mais alta do maciço e a sua base, o que o converte num
destacado elemento da paisagem. Tem uma superfície de 459 ha.
13.
Monumento Natural Rocha Estância (Decreto-Regulamentar nº15/2014 de 10 de
Fevereiro)
A finalidade da proteção do Monumento Natural
Rocha de Estância é preservar os seus valores geológico-geomorfológicos, a
presença de flora (Sarcostemma daltonii e Euphorbia tuckeyana) e fauna (Falco tinnunculus) endêmica e o valor paisagístico
do seu relevo. As principais ameaças são o pastoreio livre e extração de
inertes.
O maciço rochoso que forma Rocha de Estância
é um dos relevos mais destacados da ilha da Boa Vista, com 357 m de altitude
máxima, limitado pelas seguintes ribeiras: ribeira Baixa, ribeira Doutor e
ribeira Fonte. Tem uma superfície de 253 ha.
14.
Monumento Natural Monte Estância (Decreto-Regulamentar nº10/2013 de 9 de Maio)
O Monumento Natural Monte de Estância, Pico
de Estância, constitui a maior elevação da ilha com 387 m de altitude e
tem uma superfície de 739 ha.
Os objetivos de proteção são os seus valores
geológico-geomorfológicos e paisagísticos pela sua incidência visual e pela sua
flora e fauna que apresenta endemismos florísticos e aves protegidas.
Localiza-se na parte sul-oriental da ilha da Boa Vista, a escassos quilómetros
da costa de João Barrosa e está isolada no meio de amplas planícies que são
interrompidas na sua vertente setentrional pela presença de cones vulcânicos do
morro de Miguel Nhanga, separados dele pela ribeira de Manjolo.